segunda-feira, 4 de junho de 2012

Confraria da Nossa Sr.ª da Piedade e Santos Passos

No longínquo ano de 1885, as Confrarias de Nossa Senhora da Piedade e dos Santos Passos foram legalmente anexadas e incorporadas assumindo a designação, que perdura até aos nossos dias de CONFRARIA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE E SANTOS PASSOS.
            O artigo 4.º do Título 1.º dos Estatutos aprovados no ano de 1886 preconizava explicitamente a edificação de um templo no monte de S. Bartolomeu, o qual teria, pelo menos, dois altares, sendo um dedicado à Senhora da Piedade e o outro aos Santos Passos.
            Nesse ano de 1886 dá-se, pois, início à construção do Santuário empreendimento que vai prolongar-se por várias décadas, concretamente até meados do século passado. De permeio, as vicissitudes inerentes à transição da Monarquia – de lembrar, a propósito que o Rei D. Carlos foi nomeado Juiz Honorário da compraria – para regime republicano, que provocaram profundas transformações de índole social com particular incidência nas relações Igreja – Estado!
            Sucederam-se, portanto longos anos de profunda letargia, de que só resta memória escrita através dos actos de reuniões da mesa da Direcção dos finais do Século XIX e princípios do século XX. Em síntese: a confraria existia, o santuário estava edificado e restava a memória…
            Eis que a 16 de Março de 1996, por iniciativa do Pároco de então P.e Albano Ferreira de Almeida, foi formalmente eleita a Direcção de Confraria de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos para o triénio 1996-1998. Não obstantes as expectativas criadas, a confraria permaneceu, todavia, no marasmo que foi seu apanágio nas últimas décadas. Para agravar a situação o Santuário estava decrépito e envelhecido, com a particularidade de a torre sineira evidenciar fortes indícios de ruína.
           Providencialmente, a 6 de Junho de 2000, sob a égide do novo Pároco Rev. Dr Gabriel da Costa Maia, procede-se à eleição dos corpos gerentes da confraria para o triénio 2000-2002. Operou-se, de imediato, uma transformação radical no seio da confraria, bem patente em todos os parâmetros. Com a admissão de novos confrades alcançou-se o imprescindível rejuvenescimento e fortalecimento da instituição, carecida de “sangue novo” e envelhecida no seu tecido social. Esta tendência tem persistido, sendo disto reflexo a composição dos elementos integrantes dos corpos gerentes para os triénios 2002-2004 e seguintes.
            No processo de reabilitação do Santuário, são habilmente estabelecidos dois protocolos de financiamento no âmbito da Direcção Geral das Autarquias Locais, de montantes avultados. Igualmente se conseguem dois significativos subsídios da Câmara Municipal. A prestimosa generosidade de algumas empresas e beneméritos, alicerçada nos fundos próprios da Confraria fizeram o resto. Da conjugação de todas estas boas vontades almejou-se o tão ansiado objectivo. Desde Junho de 2000 até aos dias de hoje, o Santuário tem estado sob cuidado atenção, estando plenamente reabilitado e funcional, constituindo no presente uma marca indelével de profunda religiosidade e palco preferencial de inúmeras manifestações de fé. É inquestionavelmente o verdadeiro ex libris da velha urbe penafidelense.
De relembrar que, no dia 14 de Julho de 2002, ocorreu a solene festividade da dedicação do Santuário, presidida pelo bispo do porto D. Armindo Lopes Coelho.
            A confraria, além de titular do Santuário, é também comproprietária da Casa do Despacho (em parceria com a Confraria do Sacramento) sita na rua do mesmo nome. Obviamente que também este imóvel mereceu a atenção da Confraria. Após a realização das obras adequadas e uma profunda limpeza, procedeu-se à colocação de um espaço vitrinado, em que estão acondicionados inúmeras alfaias litúrgicas e artefactos de culto, espólio valiosíssimo que estava na iminência de se perder para sempre.
            Em suma: muito mais haveria para referir, mas as omissões seriam sempre inevitáveis. Transparece, todavia, no actual contexto, uma vitalidade contagiante, bem evidente no quotidiano da Confraria e do seu mediático templo, a justificar merecido orgulho e pressagiando um futuro auspicioso.
            Seria imperdoável, no entanto, em jeito de apontamento final, se não se enaltecesse o papel preponderante do grande impulsionador deste movimento. Hábil agregador de boas vontades, líder entusiasta e presente em todas as circunstâncias, o seu dinamismo fez dele o verdadeiro timoneiro desta nau, que navega alegremente, trilhando caminhos por ele apontados. Trata-se obviamente do Monsenhor Dr. Gabriel da Costa Maia, outorgado por João Paulo II com a dignidade de “Capelão de Sua Santidade”. A Confraria o Santuário do Sameiro e a cidade de Penafiel estão-lhe eternamente gratos.

  Juiz da Confraria
Licínio Ferraz

1 comentário:

  1. Desloquei-me ao local, e com grande espanto, fui abordado por um senhor, que me impediu de fotografar o interior da capela. No aviso à entrada, indicava que era possível fotografar com aviso prévio. O senhor que alegou estar em substituição do porteiro, que terá ido almoçar, mas que se calhar não voltaria, informou-me que o tal senhor ausente é que daria tais autorizações no próprio local, mas estando ausente, não poderia fotografar. A capela estava completamente vazia, e por isso não se compreende que tenha existido tal restrição, sem qualquer hipótese de recurso a quem pudesse conceder a autorização. Desloquei-me do Porto a Penafiel com esse propósito, e tive uma enorme contrariedade com essa situação. Possuo diversas páginas de divulgação de Portugal, entre as quais Portugal das Maravilhas, Portugal Passion, A pronúncia do Norte e outras no Facebook, com alcance de milhões de pessoas, as quais têm grande influência nos fluxos de turismo locais. Tenho a lamentar, que apesar do nosso esforço de divulgação, as comunidades locais não tenham a devida consideração por fotógrafos, e por turistas, que ao obterem os respectivos registos contribuem para a boa divulgação das nossas localidades, edifícios e história, com reflexos económicos locais. Este tipo de obstáculos não se compreendem, quando existe um enorme esforço colectivo para a boa divulgação do país, algo que com recurso a publicidade, terá custos elevadíssimos. No meu caso, sem qualquer contrapartida pelo meu serviço fotográfico e pela divulgação, não se compreende que me tenham sido colocados estes entraves e que a capela esteja ao serviço de autorizações de conveniência que, na prática, não funcionam, ou visam não funcionar.

    Jorge Adriano Carlos
    https://www.facebook.com/JorgeCarlosPhotography/

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